O nosso Movimento começou com pequenos encontros de discipulado e estudo bíblico nas casas. Esses grupos começaram a crescer e mais casas foram necessárias para acolher todas as pessoas que o Espírito Santo estava acrescentando no Reino de Deus.

Seus olhos estão abertos para as oportunidades?
Talvez uma das experiências mais desafiadoras que tive em minha vida foi ir para o exterior. Estar em um contexto cultural diferente faz com que você saia da sua zona de conforto. Você se torna dependente dos outros e tem que aprender como as coisas realmente funcionam – o que provavelmente será diferente do seu país de origem. Mas eu escolhi fazer isso. Me candidatei para essa aventura quando estava terminando meus estudos na faculdade. Fui selecionado. Que presente!
Pude me preparar por, pelo menos, três meses antes do embarque para a Noruega. Conversei com pessoas que estiveram no meu lugar, fiz pesquisas sobre o modo de vida naquele país, cultura, idioma, comida, comportamento, etc. Tudo isso me ajudou de certa forma. No entanto, vivi algo novo para mim, que me deixou chocado principalmente nos três primeiros meses de intercâmbio e que foi bem diferente da minha experiência anterior, me fazendo pensar muito e refletindo inclusive neste texto: REFUGIADOS.
Durante meu tempo na Noruega, trabalhei em um projeto na cidade de Stavanger, o qual consistia de encontros semanais em uma antiga sede da igreja luterana norueguesa. Minhas tarefas eram basicamente preparar refeições, organizar jogos, conversar com pessoas e fazer novos amigos. Toda semana chegavam visitantes, o que é algo incrível naquele contexto. Em um desses encontros, tive a oportunidade de conhecer um refugiado que estava morando na cidade. Uma das primeiras perguntas que fiz foi se ele sentia falta de algo do seu país. A resposta veio com um início bem direto: “claro!”. Ela envolvia família, comida e amigos. Percebi naquele momento que eu não tinha ideia sobre o que é ou como é ser um refugiado. Dias depois, nos reencontrarmos e tivemos mais tempo para conversar sobre nossas histórias de vida e de fé. Aproveitei para aprofundar o assunto e perguntei a ele como é ser um refugiado na Noruega. Ele me respondeu:
“Eu sou do Afeganistão. No meu país, tivemos muitos problemas com a questão social, com a falta de liberdade e segurança. Eu e minha família tivemos que fugir de lá, deixar nossa loja, carro, moto e nossa fazenda para trás. Partimos para o Irã na esperança de uma vida mais pacífica. Mas isso não foi uma boa ideia. Então, tentamos voltar ao Afeganistão, mas não conseguimos. Por fim, cheguei aqui em outubro de 2015, mas tive que esperar pela permissão do governo norueguês para poder ficar no país. Esperei uns 27 meses sob condições de vida muito ruins e estressantes. A minha família não está aqui comigo porque não conseguiram a permissão. Me sinto sozinho e muito cansado da vida, mas tento ser positivo. Quando eu vejo um cara da minha idade que anda pelas ruas, parques ou qualquer outro lugar com a sua família e amigos, penso na minha própria família. É muito difícil lidar com isso! Finalmente, e depois de muito tempo esperando, fixei residência na Noruega. Agora, trabalho na cozinha de uma escola e está tudo indo bem”.
Histórias como esta abriram os meus olhos para uma realidade que eu não estava acostumado.
Participei também de um projeto chamado “språkkaffe”, no qual podíamos aprender a língua local enquanto tomávamos um bom café acompanhado de boa comida – lá quase tudo envolve comida, e isso é incrível! Por meio deste projeto, pude conhecer muitos refugiados e tive a oportunidade de fazer algo para ajudá-los a se integrarem na sociedade norueguesa. A língua é um aspecto cultural muito importante se quisermos fazer parte de uma nova cultura. Por isso, o projeto conta com muitos voluntários, falantes da língua norueguesa que dispõem do seu tempo para ajudar àqueles que não tiveram como aprender antes de vir para a Noruega.
Projetos como esses me surpreenderam, pois ao olhar para essas pessoas, refugiados e ao mesmo tempo voluntários com tanto potencial, rindo juntos e conversando sem desrespeito ou preconceitos, percebi como uma simples iniciativa pode se tornar tão importante e como nós cristãos podemos usar oportunidades como essas para nos conectar com outros, falar do Evangelho que traz descanso e paz.
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Lucas Flores
Intercambista do Programa Connect
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O nosso Movimento começou com pequenos encontros de discipulado e estudo bíblico nas casas. Esses grupos começaram a crescer e mais casas foram necessárias para acolher todas as pessoas que o Espírito Santo estava acrescentando no Reino de Deus.