O nosso Movimento começou com pequenos encontros de discipulado e estudo bíblico nas casas. Esses grupos começaram a crescer e mais casas foram necessárias para acolher todas as pessoas que o Espírito Santo estava acrescentando no Reino de Deus.

O compartilhar da vida no compartilhar da sala de estar
UM DESEJO POR HOSPITALIDADE
O plano era simples. Compramos os ingredientes no dia anterior: batatas, trigo, leite, queijo, cebola, peito de frango. Nada muito elaborado. Uma receita já conhecida nossa de casa. A visita esperada era uma amiga que conhecemos há poucas semanas, uma estudante da Alemanha, vivendo na Noruega. Uma estrangeira, como nós.
No domingo de manhã fomos ao culto e voltamos para casa a pé, conversando sobre a vida e aproveitando uma manhã sem chuva. Ao chegar no nosso apartamento, tiramos os sapatos antes de entrar e dissemos: “Sinta-se em casa!”. Ela sorriu e agradeceu com um tímido “tusen takk” (obrigada), como já estávamos acostumadas a ouvir.
Em poucos minutos, estávamos na cozinha preparando o almoço juntas, por vezes picando os alimentos, por vezes contando histórias do dia-a-dia. Depois de mexer o molho branco, conversamos um pouco sobre política e teologia. Nossa convidada se ofereceu para dispor as batatas na forma, e nós seguimos compartilhando risadas e pensamentos.
Ela nunca tinha visto batata recheada com strogonoff antes, mas parecia empolgada para experimentar. Depois de assadas as batatas, colocamos os pratos sobre nossa pequena (mas aconchegante) mesa da cozinha. Convidamos ela a se servir primeiro e lhe mostramos como adicionar batata-palha sobre todo o queijo derretido, para dar aquele toque crocante especial. A batata-palha foi, de fato, algo que não pode faltar na nossa mala de comidas vindas do Brasil!
Depois de muito conversar e saborear a refeição, nossa amiga ajudou a organizar a cozinha e, antes de ir embora, disse com contentamento nos olhos: “Muito obrigada! Esta foi a melhor refeição que comi nos últimos dois meses aqui na Noruega!”.
Ao contrário do que você talvez esteja pensando, não contamos esta história para dizer que a nossa comida é a melhor de todas! Ainda que a comida estivesse boa, havia algo mais do que o alimento para satisfazer, assim, nossa convidada. A conversa, o compartilhar de experiências, o dispor de nosso tempo e carinho, todos os pequenos sinais de hospitalidade talvez foram o alimento de que ela e nós mais precisávamos naquele momento.
UMA CULTURA DE HOSPITALIDADE
Quando pesquisamos “casas norueguesas” no Google os resultados mostram diversas casas coloridas, diferentes em tamanho, mas semelhantes em estilo, ao ponto de que sejam um símbolo norueguês facilmente reconhecido. Mas o que queremos ressaltar aqui é o interior das casas.
Antes de virmos para a Noruega ouvimos falar do quanto noruegueses prezam por fazer de sua casa um lugar aconchegante. Nos meses de frio rigoroso passar tempo no interior dos ambientes é a solução, e a consequência são cômodos bem aquecidos, salas de estar grandes, decoradas e preparadas para receber visitantes. Essa é uma das razões porque as casas representam algo tão privado, e convidar alguém é sinônimo de grande apreciação.
Tivemos o prazer de ser convidadas para conhecer a casa de alguns amigos, e olha, uma visita fala mais do que mil palavras. O simples fato de estar em uma casa depois de quase dois meses compartilhando o mesmo espaço com outros sessenta alunos já foi de grande importância. E nossa primeira casa norueguesa foi a de uma querida amiga brasileira e seu marido (norueguês). Comida caseira, conversa boa ao redor da mesa, o profundo compartilhar da vida no simples ato de compartilhar a refeição. Saímos de lá não só de barriga cheia, mas com o coração leve e repleto de gratidão.
O sentimento apropriado para descrever esses momentos nos remete à família. Nos primeiros dias na cidade de Stavanger, fomos convidadas para ir à casa de um amigo. Mesmo tendo passado tanto tempo juntos antes, nesse dia nos sentimos conectados de uma forma mais intensa, conhecendo sua família conhecemos um novo lado dele.
Pensando nisso colocamos nossa casa à disposição com o propósito de investir e desenvolver relacionamentos. Tem sido recompensador ver o agir de Deus através de visitas inesperadas ou planejadas, e a confirmação dos Seus propósitos em nos trazer até aqui.
UM PROPÓSITO DE HOSPITALIDADE
Uma das grandes alegrias de compartilhar nossa casa e cotidiano com outras pessoas é ter a oportunidade de aprofundar amizades e permanecer atentas ao que Deus tem feito em nossa caminhada. O apóstolo Paulo diz em Romanos 12:13, “Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade”. Não vivemos a hospitalidade como um peso ou regra, mas como uma oportunidade de expressar o que Deus tem nos dado diariamente.
Em 1 Pedro 4:8-10 lemos: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” Esse é o nosso desejo, ser usadas como instrumento do Senhor no testemunhar da graça derramada sobre nós.
Nisso tudo, vemos também os propósitos de Deus em nossa vinda a Stavanger e especificamente para a UKirke (um projeto de plantação de igreja para jovens). Somos gratas por podermos exercer o chamado de ser luz de Cristo aonde quer que estamos, em específico através da hospitalidade.
Em todos esses encontros não temos como saber de certeza o que se passa na mente de nossas visitas, mas nossas vidas são prova concreta do agir do Senhor em nós através de cada pessoa que conhecemos.
…
Julia Rück Miguel e Rebeca Lessmann
Intercambistas do programa Connect.
Fique por dentro do que acontece no ME!
Encontrões Regionais 2023
O nosso Movimento começou com pequenos encontros de discipulado e estudo bíblico nas casas. Esses grupos começaram a crescer e mais casas foram necessárias para acolher todas as pessoas que o Espírito Santo estava acrescentando no Reino de Deus.