A perspectiva luterana cristã sobre o Carnaval no Brasil é marcada por uma tensão entre tradição cultural e ética religiosa. O Carnaval, profundamente enraizado na cultura brasileira, é celebrado com grandiosidade e fervor, mas para muitos cristãos luteranos, apresenta dilemas morais que conflitam com sua fé.
Mesma língua: múltiplos sotaques
nov 14, 2022 | Artigos, Intercâmbios
No Hald International School, somos estudantes de várias nacionalidades, que usam diferentes idiomas. Por isso, nós nos comunicamos através do Inglês: a língua que é capaz de unir a todos nós. No entanto, comunicar-se com os outros alunos vai muito além de simplesmente falar a mesma língua. O que acontece é que aqui você pode passar por momentos em que conhece todas as palavras que a outra pessoa está usando, mas é incapaz de distinguir todas elas, uma vez que a pronúncia de uma mesma palavra pode ser feita de múltiplas formas: estamos todos falando inglês, mas com sotaques muito diferentes.
Você deve estar imaginando que nós passamos por situações embaraçosas por causa disso: e é isso mesmo! Em algumas ocasiões (principalmente nos nossos primeiros dias aqui) eu apenas aceno e ajo como se tivesse entendido quando converso com alguns colegas, de forma que eu não precise pedir para eles repetirem. O problema é que, ao fazer isso, eu posso acabar perdendo algo precioso como: uma oportunidade de dar uma risada sincera, de aprender sobre uma cultura, de conhecer melhor a personalidade de alguém ou de compreender plenamente os detalhes de uma história significativa.
É por isso que nas últimas semanas eu tenho dado o meu melhor em ser honesta e dizer às outras pessoas quando eu não entendi completamente o que elas estão tentando me dizer. Até porque, na maior parte das ocasiões, os obstáculos em nossa comunicação podem ser facilmente resolvidos se o outro falar um pouco mais devagar ou chegar mais perto. Eu devo dizer que pedir aos outros para repetir ou mudar suas posições pode ser muito constrangedor e assustador, uma vez que nós nos colocamos na vulnerável situação de confessar dificuldades e limitações (o que é sempre um desafio) e podemos acabar irritando os demais. No entanto, eu tenho me arriscado, porque assim as pessoas irão saber que eu estou genuinamente interessada em ouvi-las e me relacionar com elas. Da forma como eu vejo, correr esse risco vale a pena.
Não importa a cultura, a língua, o sotaque: todos nós queremos ser ouvidos e entendidos. Nós ansiamos que os outros queiram entender o que dizemos, porque isso significa que nossas vozes e opiniões são importantes. Eu acredito que isto vai muito além de ambientes multiculturais: em toda interação social que nós temos, podemos nos perguntar: “será que eu estou realmente demonstrando à outra pessoa o quando eu me importo com o que ela tem a me dizer?”, “eu estou dando o meu melhor para ouví-la e compreendê-la?”. Se nós nos fizermos essas perguntas diariamente, vamos ter uma comunicação muito mais efetiva, construir relacionamentos mais fortes e, pouco a pouco, transformar a sociedade à nossa volta em um lugar comprometido em escutar todas as vozes.
Sarah Bahr Pessôa