A perspectiva luterana cristã sobre o Carnaval no Brasil é marcada por uma tensão entre tradição cultural e ética religiosa. O Carnaval, profundamente enraizado na cultura brasileira, é celebrado com grandiosidade e fervor, mas para muitos cristãos luteranos, apresenta dilemas morais que conflitam com sua fé.
Reflexões sobre a igreja em Stavanger
dez 6, 2022 | Artigos, Intercâmbios
Faz 07 semanas que começamos nossos estágios nas respectivas cidades. Estou em Stavanger, uma cidade com 130 mil habitantes e talvez pequena aos olhos brasileiros mas não tão pequena aos padrões noruegueses, um país com 5,4 milhões de habitantes.
Para entendermos um pouquinho mais da realidade das igrejas na Noruega, precisamos olhar um pouco para a história. Desde o século 16 até 2012 a Igreja da Noruega, que possui confissão Luterana, foi parte do estado. E por muito tempo a religião oficial do país foi a Evangélica Luterana. Esse histórico deixou uma marca muito grande no país e também na forma de ser igreja.
Apesar de terem surgido outras igrejas após ela deixar de ser parte do estado, como as casas de oração e algumas de denominação pentecostal, a Igreja da Noruega continua sendo muito presente no país e as marcas de uma igreja que existe a tantos anos são bem claras, um exemplo é no sistema bem litúrgico dos cultos e também no fato de 70% da população ser batizada nas igrejas luteranas. Porém, ao mesmo tempo, cada vez menos jovens têm participado dessas igrejas.
Foi por esse motivo que aqui em Stavanger, surgiu a Ukirke, uma igreja que iniciou há 04 anos por causa da necessidade de mais ou menos 40 igrejas luteranas que perceberam estar perdendo seus adolescentes após a confirmação – uma realidade que também enfrentamos no Brasil. E, uma grande parte do meu estágio está relacionada ao trabalho com essa igreja.
A Ukirke é uma igreja destinada a acolher os jovens que passaram pela confirmação, mantendo suas portas abertas durante toda a semana para atender esse propósito. Nas terças e quartas a igreja fica aberta para adolescentes entre 15-19 anos irem fazer as atividades da escola ou simplesmente ter um tempo pra conversar e descansar por lá, nós também oferecemos panquecas grátis para eles e estamos disponíveis para conversar, e ajudar no que for preciso. Nas quintas-feiras temos o ‘Mat og Prat’ para jovens acima dos 18 anos, onde compartilhamos uma refeição feita por um de nós e depois conversamos e jogamos alguma coisa juntos. A igreja também tem diversas atividades organizadas pelos próprios jovens durante a semana, e uma vez por mês temos um culto no domingo.
Experimentar o significado de ser igreja em outro país é desafiador e cheio de aprendizados. Alguns exemplos estão noo fato de que fazemos algumas coisas muito diferentes: enquanto no Brasil nossos grupos de jovens quase sempre acontecem com um tempo de estudos bíblicos, aqui na Noruega isso não é tão comum, ou, enquanto na Noruega compartilhamos a ceia todos os domingos no cultos, no Brasil costumamos fazer isso apenas uma vez por mês. Mas também ambos enfrentam desafios semelhantes, como por exemplo, como lidar com a ausência dos jovens.
Nesses contrastes e similaridades, tem sido um privilégio ter meus olhos expandidos para a situação das igrejas no mundo. Para entender que o Senhor está agindo e olhando para todos esses lugares, que a seara é muito grande e talvez os trabalhadores sejam poucos, mas que isso não seja motivo de desânimo, mas de encorajamento para agirmos onde estamos.
Enfim, aguardo com esperança todos os aprendizados que os próximos 4 meses e meio trarão e tudo o que vou poder trazer de volta para o Brasil ao final dessa experiência!
Por: Sofia Steinmetz